10 de outubro de 2015

Tentei não pensar em nada que me afligisse. Não por mim, mas pela paisagem que carecia de toda admiração. Tantos tons de verde-e-terra. Horas encantadoras.
Gostaria de me sentir mais livre, mas já agradecia pela experiência que esse coletivo me proporcionava. Deixei de pensar no futuro do pretérito intrínseco às ânsias humanas. Horas encantadoras e minutos inebriantes. A caverna, o contato mais profundo – ainda não íntimo – que tive com a história da Terra.
Me proporcionei luxos de intimidade. Ainda que no século XXI o moralismo e a procura por uma consciência saudável oprimam certos vícios e prazeres mundanos, sinto que os fumantes – como são relegados ao isolamento – conseguem licenças poéticas para driblar o tempo.
A disposição e a confiança também colaboraram. Darcy e Jânio, meus guias, sentiram meus movimentos de me manter e querer estar por mais alguns segundos contemplando a caverna. Minutos e segundos encantadores.
Sete minutos é o tempo que ganho fumando, mas que podem ser equivocadamente confundidos com tempo de vida perdido. Não é querer ser inconsequente, mas o que é vida senão o momento?
A caverna do Morro Preto, as árvores que maquiam os caminhos para se chegar até ela, o vento, meu pai e eu.
Na volta do passeio, só pensava em me aventurar no ócio e no relaxamento do corpo. Imersão na piscina natural.

















PETAR, 25 de abril de 2015.

Nenhum comentário:

Postar um comentário